Desde muito cedo tinha escolhido a docência como profissão, minha intenção era trabalhar no meio do mato com os animais por uns tempos e em outros lecionar. Nunca parei muito para pensar se havia um emprego dessa forma, apenas idealizava com os meus botões... A área dos meus sonhos era Zoologia, mais especificamente Herpetologia, (ou é, quem sabe? não perdi a esperança de fazer outra graduação ou outras...), pois sempre gostei de estar em contato com a natureza, mas por ter afinidade com Matemática resolvi fazer o curso e depois com uma profissão poderia me sustentar e ir atrás do que gostasse mais. Iniciei a graduação em Licenciatura em Matemática em fevereiro de 1999 na Universidade Federal de Rondônia – UNIR, Campus de Ji-Paraná. Lembro que foi uma alegria imensa ter passado em uma universidade federal. Mesmo não sendo meu curso dos sonhos fiz o meu melhor. Quando estava no quinto período do curso ouvi falar que estavam selecionando alunos para ser bolsista do Programa de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia – LBA e me inscrevi, entrei como bolsista em agosto de 2001.
Durante o período que fiquei como bolsista, além das coletas de campo, desenvolvemos alguns trabalhos para eventos, o que começou a despertar em mim o interesse pelas atividades de pesquisa, originando a possibilidade de continuar os estudos e fazer mestrado em Física Ambiental na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) em 2003.
Logo após terminar o mestrado, em fevereiro de 2005, consegui uma bolsa de pesquisa do Programa LBA que desenvolvi por um curto espaço de tempo, pois participei de um processo seletivo e fui contratada para ser professora substituta no Departamento de Estatística da UFMT, onde fiquei até julho de 2006. Encerrei meu contrato nessa instituição por ter tido a grata satisfação de ser aprovada no concurso para ser professora da UNIR. Foi uma alegria poder voltar para minha terra, local onde nasci, cresci, tomei muito banho na chuva e no rio, e ainda ser professora na universidade que me formei. Iniciei meus trabalhos na UNIR em agosto de 2006 no curso de Engenharia Ambiental (que passou a ser Engenharia Ambiental e Sanitária em fevereiro de 2019) onde tenho a oportunidade de trabalhar com questões ligadas à natureza.
Com a saída em fevereiro de 2007 do coordenador regional do Programa LBA, assumi a coordenação do mesmo. Exerci essa função até fevereiro de 2011. Me desliguei em virtude de ter solicitado afastamento para cursar doutorado. Finalizei o doutorado em Física Ambiental (UFMT) em agosto de 2013. Retornei à função de coordenadora de julho de 2014 a junho de 2017. Dentre as atividades desenvolvidas no LBA, oriento acadêmicos na Iniciação Científica, com estudos na área de Geociências, mais precisamente na micrometeorologia.
Temos dois sítios experimentais do Programa LBA no Estado de Rondônia, um em área de floresta na Reserva Biológica do Jaru (Rebio Jaru), município de Ji-Paraná e outro em área de pastagem, no município de Ouro Preto do Oeste (Fazenda Nossa Senhora). Como a coleta de dados é feita amiúde, é possível experimentar grandes emoções como, por exemplo: atoleiros, pontes quebradas, encontro com animais silvestres, tive a imensa felicidade de ver a rainha das florestas, uma onça pintada em agosto de 2013 e tantos outros representantes de nossa fauna e também de nossa bela e riquíssima flora. Ir para a Rebio Jaru sempre me renova as energias. É simplesmente perfeito e desde 2018 passou a ser SENSACIONAL.
No curso de Engenharia Ambiental e Sanitária estou responsável pelas disciplinas de Metodologia Científica, Estatística I, Estatística II, Climatologia (tem campo na Rebio Jaru - Uhuuu! ; ), Projeto Final de Curso e tenho orientado trabalhos na área de Educação Ambiental. Embora alguns acadêmicos não gostem das disciplinas de Metodologia Científica e Estatística, não sei dimensionar quantos, mas espero que não sejam em tão vultoso número, desenvolvo minhas aulas no intento de mostrar os encantos que envolvem os seus ensinamentos, que a meu ver são miríades...
Voltando agora para atividades nada a ver com questões acadêmicas ou administrativas, e sim com vivenciar nossa universidade, tento movimentar um pouco nosso espaço organizando todos os anos o Trote Solidário: Doar Sangue é Doar Vida, com início em março de 2008. Temos um grupo de vôlei em atividade desde outubro de 2016, que também já foi ativo de 2007 a 2010. Juntamente com funcionários responsáveis pela limpeza da UNIR e alguns discentes e docentes temos realizado plantios de flores, árvores frutíferas, árvores para embelezar nosso Campus e para que o nosso ambiente de estudo/trabalho seja o mais agradável e leve possível. Senti muita falta desses momentos de integração quando era aluna e agora tento fazer diferente.
Em julho de 2017 fizemos uma atividade na Praça Jardim dos Migrantes de comemoração dos dez anos do nosso curso, na qual doamos mudas de flores e árvores (frutíferas e para arborização) para a comunidade e fizemos a coleta do lixo. Gostamos tanto do resultado que minha filha (na época com oito anos) me perguntou quando iríamos novamente. Eu respondi: pretendo fazer outra no ano que vem, a resposta dela foi: ah! mãe, está muito longe... para atender ao pedido da minha filha e de mais um aluno da turma 2016 que havia me perguntado duas vezes sobre essa atividade, resolvi animar e programar a segunda edição em 2018 para um dia especial: o Dia da Árvore. Foi um sucesso, conseguimos doar cerca de 350 mudas para a comunidade. Você é nosso convidado especial para movimentar nossa universidade participando e/ou organizando ações. Anime também ; )
Esse foi um breve relato de minha vida acadêmica. Encerro com um poema de autoria discutível, atribuído ora a Jorge Luis Borges (1899-1986), escritor e poeta argentino, ora a Nadine Stair (1892-1988), escritora norte americana.
Se eu pudesse viver novamente a minha vida,
Na próxima trataria de cometer mais erros.
Não tentaria ser tão perfeito, relaxaria mais.
Seria mais tolo ainda do que tenho sido;
Na verdade, bem poucas coisas levaria a sério.
Seria menos higiênico. Correria mais riscos,
Viajaria mais, contemplaria mais entardeceres,
Subiria mais montanhas, nadaria mais rios.
Iria a mais lugares onde nunca fui,
Tomaria mais sorvete e menos lentilha,
Teria mais problemas reais e menos imaginários.
Eu fui uma dessas pessoas que viveu
sensata e produtivamente cada minuto de sua vida.
Claro que tive momentos de alegria.
Mas, se pudesse voltar a viver, trataria de ter somente bons momentos.
Porque, se não sabem, disso é feita a vida,
Só de momentos,
Não percam o agora.
Eu era um daqueles que nunca ia a parte alguma
Sem um termômetro, uma bolsa de água quente,
Um guarda-chuva e um pára-quedas;
Se voltasse a viver, viajaria mais leve.
Se eu pudesse voltar a viver,
Começaria a andar descalço no começo da primavera
E continuaria assim até o fim do outono.
Daria mais voltas na minha rua,
Contemplaria mais amanheceres
E brincaria com mais crianças,
Se tivesse outra vez uma vida pela frente...